07 julho 2017

PORQUE O MAR É O CAMINHO PARA A MINHA CASA

Nesta altura do ano, todos os caminhos vão dar ao mar.
É tempo dos dias grandes passados na praia, 
de brincadeiras na areia, de deixar o sol dourar a pele, 
de banhos refrescantes na água salgada.

Ilustração Christine Roussey

E, porque os hábitos saudáveis são importantes na nossa vida, como o prazer de ler, deixamos-te uma sugestão de leitura para te acompanhar nestes dias de verão, que convidam à aventura e ao desafio.
Vais acompanhar o jovem Hans, que deixa a  ilha escandinava de Vig, onde nasceu, e parte à procura do seu destino. O acaso leva-o para uma cidade do sul, terra de granito e de camélias.
Contudo, a sua alma permanece no mar ...
É lá que Hans procura a canção secreta da sua saga.


Texto Sophia de Mello Breyner Andresen
Ilustração Maria João Worm
 Porto Editora


"(...) Hans (...) procurava ouvir, quando o vento soprava do sul, entre o sussurrar dos abetos, o distante, adivinhado, rumor da rebentação. Carregado de imaginações, queria ser, como os seus tios e avós, marinheiro. Não para navegar apenas entre as ilhas e as costas do Norte, seguindo nas ondas frias os cardumes de peixe. Queria navegar para o Sul.
Imaginava as grandes solidões do oceano, o surgir solene dos promontórios, as praias onde baloiçam coqueiros e onde chega até ao mar a respiração dos desertos. Imaginava as ilhas de coral azul, que são como os olhos azuis do mar. Imaginava o tumulto, o calor, o cheiro a canela e laranja das terras meridionais.
Queria ser um daqueles homens que, a bordo do seu barco, viviam rente ao maravilhamento e ao pavor, um daqueles homens de andar baloiçado, com a cara queimada por mil sóis, a roupa desbotada e rija de sal, o corpo direito como um mastro, os ombros largos de remar e o peito dilatado pela respiração dos temporais. Um daqueles homens cuja ausência era sonhada e cujo regresso, mal o navio ao longe se avistava, fazia acorrer ao cais as mulheres e as crianças de Vig, e a história que eles contavam era repetida e contada de boca em boca, de geração em geração, como se cada um a tivesse vivido."


Ilustração Stéphanie Augusseau







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