FRAGMENTOS



dezembro ' 2018

8 de Dezembro de 1971
Inauguração da Nova Igreja


"Em 1969, a igreja começava a ser pequena para receber todos os fiéis e apresentava, de novo, alguns sinais de insegurança, segundo se dizia, devido a infiltração de águas. O pároco Manuel Duarte Veríssimo promoveu a total substituição da velha igreja por uma nova, mais ampla, a erigir no mesmo local.
[...] No mesmo local, como estava prometido, foi erigido um moderno e amplo edifício, desenhado por António Dinis Baroseiro, que também dirigiu a construção. Foi inaugurado em 8 de Dezembro de 1971 [...]".

In, Cidade da Marinha Grande: Subsídios para a sua História,
de João Rosa Azambuja, 1998



A Inauguração Oficial da Nova Igreja
8 de Dezembro de 1971
Imensa multidão - talvez a maior na história da Marinha Grande - assistiu às cerimónias

"O dia da festa chegou e a Marinha Grande vestiu de gala para receber os convidados para a inauguração da sua nova igreja, uma obra digna que vai perpetuar como símbolo de perseverança, amor e união, ao redor do seu pároco.
Cerca das 16 horas, as forças vivas da terra, à frente das quais se encontrava o Presidente da Câmara e o Pároco, acompanhados de muito povo, receberam, junto à Clínica D. Dinis, os Srs. Bispo de Leiria e o Governador Civil. [...] procedeu-se à inauguração da rua que passa junto ao colégio e a que foi dado o nome de Rua D. João Pereira Venâncio. [...] Em seguida, o cortejo dirigiu-se para a nova igreja, onde uma imensa multidão que enchia completamente o largo 5 de Outubro, aguardava o acto da inauguração.[...]"


 In, Jornal da Marinha Grande
edição n.º 406, de 10 de Dezembro de 1971



novembro ' 2018


RÁDIO CLUBE MARINHENSE

"A Marinha Grande não se deixou atrasar no campo da Radiodifusão, que nos últimos anos se expandiu por todo o País, permitindo a rápida divulgação dos acontecimentos locais, bem como de temas culturais, históricos e desportivos, passatempos, entrevistas, etc.
Aliás, já em 1949 aqui fora montado, por J. Calazans Duarte, um pequeno emissor de rádio em onda média que, embora tal fosse proibido, irradiou música durante uma semana, despertando grande entusiasmo."



"Foi fundado em 17 de novembro de 1986, na Pedrulheira, por António Prazeres dos Santos, Fernando Manuel dos Santos Pedro, João Fernando Miranda Mesquita, Alípio dos Reis Alves, Eduardo Manuel dos Santos Pedro, Fernando Leonel da Silva Correia, Fernando Luís Oliveira da Silva, Joel António de Barros M. Gonçalves, Jorge Humberto do Norte G. Marques, José António Domingos Filipe, José Manuel Martins, Luís José da Silva Correia, Telmo Ferreira Neto, Telmo Rosa Alves Dinis, Virgílio Oliveira de Lemos e Dr. Victor Hugo de Azevedo Teixeira Beltrão.
Constituíram-se em Cooperativa, ficando a presidir à Assembleia Geral Fernando M. S. Pedro, à Direcção António Prazeres dos Santos e ao Conselho Fiscal José António D. Filipe. Foi nomeado director dos Serviços de Informação Virgílio Oliveira Lemos.
Mais tarde, o Rádio Clube Marinhense conseguiu a cedência do antigo posto da Assistência Nacional aos Tuberculosos, situado na R. 25 de Abril, onde instalou todos os serviços administrativos e técnicos, incluindo o emissor de 1.200 Watts de F. M. Estéreo, a transmitir diariamente entre as 10 horas da manhã e a 1 hora da noite, na frequência de 96 MHz."


In, Cidade da Marinha Grande: Subsídios para a sua História,
de João Rosa Azambuja, 1998


outubro ' 2018


"[...] A 12 de outubro, quando assinou um documento a aprovar a petição de Stephens, disse-lhe que iria visitar a sua fábrica cinco dias depois. Apressou-se a regressar a cas na Marinha Grande e, ao meio-dia do dia 17, os coches reais chegavam à fábrica de vidro. D. Maria foi a primeira a descer, seguida pelas irmãs, pelos dois filhos e pela pequena Carlota que correu para fora do coche, com a sua curta madeixa escondida por baixo de um gorro. Foram servidos refrescos - limonada, chá e café gelados, vinho e licores -, e depois o grupo real deu uma volta pela fábrica, que fora reconstruída por Stephens no elegante estilo neoclássico.
Os cozinheiros das Caldas tinham preparado uma merenda, a qual foi servida no primeiro andar da mansão de Stephens, e depois da refeição, quando os coches se preparavam para partir, D. Maria disse a Stephens que gostaria de voltar no ano seguinte - porque, de acordo com a "Gazeta de Lisboa", a visita "deu toda a satisfação a Sua Majestade".[...]"

Texto extraído da pág.ª 127, do livro



Jenifer Roberts é uma reconhecida autora de biografias históricas. A sua paixão por D. Maria I surgiu quando, ao pesquisar a vida de William Stephens, fundador da Fábrica de Vidros na Marinha Grande, descobriu, numa pequena biblioteca em Inglaterra, uma carta que descrevia os preparativos para a visita de D. Maria à Marinha Grande, em 1788. Imediatamente iniciou as suas pesquisas e, em 2009, publicou em Inglaterra D. Maria I - a Vida Notável de Uma Rainha, agora traduzido para língua portuguesa. Para além de escrever regularmente para a revista History Today Jenifer Roberts é também autora das obras Spirit of the Place (1992) e Glass: The Strange History of the Lyne Stephens Fortune (2003). Recentemente concluiu a biografia do primeiro-ministro da Nova Zelândia.



Passe pela Biblioteca, requisite o livro e fique a conhecer mais pormenores da visita de D. Maria I à Marinha Grande.


setembro ' 2018


Com a aproximação do começo de mais um ano letivo, vamos recordar um dos edifícios escolares mais emblemáticos da nossa cidade.


Quem se lembra dela assim?




Já foi assim:




E agora é assim: 





Estamos a falar da 
Escola Secundária Eng.º Acácio Calazans Duarte


"Em 1925, ano crucial para o desenvolvimento do ensino industrial na Marinha Grande, foi publicado em Fevereiro, um decreto assinado pelo Ministro do Comércio, Sr. Eng.º Plínio da Silva, que aprovava a criação da Escola Industrial da Marinha Grande. O Conselho Superior do Ensino Comercial e Industrial confirmou que a criação da escola não foi um favor político, mas a satisfação da antiga aspiração de fomentar o desenvolvimento da vidraria nacional.
(...) o Sr. Eng.º Acácio Calazans Duarte refere a escola como um melhoramento dum grande alcance artístico para as novas gerações(...). Segundo ele, este tipo de escolas, deveria, tanto quanto possível, satisfazer as indústrias das localidades e da região. Por isso mesmo, a Escola Industrial da Marinha Grande deveria adaptar-se às necessidades da indústria vidreira e estaria intimamente ligada à Nacional Fábrica (...).
(...) tal pretensão só era possível porque Calazans Duarte detinha o cargo de Diretor em ambos os estabelecimentos - a escola Industrial e a Nacional Fábrica (...).
(...) Com a presença dos Srs. Ministro das Obras Públicas e Subsecretário da Educação, foi inaugurada a nova Escola Industrial e Comercial, desta vila, no passado dia 4 [de junho de 1959].
(...) Depois de 1974, a Escola deixou de ser Industrial e Comercial e passou a ser Secundária. A sua denominação foi até 1991, Escola Secundária N.º 1 da Marinha Grande. Nessa data, foi-lhe atribuída então, a actual designação de Escola Secundária Eng.º Acácio Calazans Duarte."

in, escola sec. eng.º acácio calazans duarte
de equipa tic
edições código 27
2009 (edição comemorativa do 50.º aniversário) 


PARA SABER MAIS, PASSE PELA BIBLIOTECA MUNICIPAL E REQUISITE O LIVRO.


agosto ' 2018


S. PEDRO DE MOEL
D. DINIS E RAINHA SANTA ISABEL


Grupo escultórico em memória de 
D. Dinis e Santa Isabel

Foi erguido em S. Pedro de Moel, na orla do famoso Pinhal, em evocação ao par real que o terá mandado semear.
O monumento, da autoria do escultor Numídio Bessone, foi oferecido à Marinha Grande pelo Ministro das Obras Públicas e é considerado monumento nacional, segundo o Jornal da Marinha Grande de 04.08.1972.
Foi inaugurado, segundo julgamos, em Outubro de 1972.


In, Cidade da Marinha Grande: Subsídios para a sua História,

de João Rosa Azambuja



julho ' 2018


MONUMENTO AOS MORTOS 
DA GRANDE GUERRA



"Situado na Avenida D. Dinis, foi inaugurado em 9 de Abril de 1935 para homenagear os combatentes portugueses mortos durante a I Guerra Mundial (1914-1918).
Foi  construído por iniciativa de Manuel Leal Júnior, ao tempo presidente da Comissão de Iniciativa e Turismo, e de Álvaro Barros, presidente da delegação local da Liga dos Combatentes.
O projecto, da autoria de Alberto Nery Capucho (pintor e director da Escola Industrial da Marinha Grande), embora simples e modesto encheu de orgulho os marinhenses.
À inauguração, a que assistiram muito povo e as autoridades civis e militares máximas do Distrito, estiveram também presentes cinquenta e quatro antigos combatentes do Concelho e uma delegação do jornal Vítimas da Guerra, de onde extraímos estes elementos."


In, Cidade da Marinha Grande: Subsídios para a sua História,
de João Rosa Azambuja


Quando passar por lá, repare.


junho ' 2018


"Inaugurada festivamente 
a nova Capela da praia da Vieira

O último sábado, dia 2 [Junho de 1973], foi, sem dúvida, um dia histórico para a Praia da Vieira.
(...) O ambiente era manifestamente de festa. 
Ornamentações a gosto popular, filarmónica de Monte Redondo, crianças das escolas e o bom povo da Praia. Faltaria alguém? Julgamos que só os impossibilitados pela doença ou idade avançada." 


Capela da Praia da Vieira

"(...) palavras que culminaram em sentida e justa homenagem ao Rev. Pároco da Vieira, Sr. Padre Franclim Henriques da Cunha. Na realidade a este sacerdote - a quem a freguesia da Vieira deve já tantas benemerências - se fica a dever toda aquela obra e todo aquele cenário de união e amizade.
(...) No domingo, dia 3, a festa continuou. Como constava do programa, houve missa solene às 17 horas, seguindo-se a procissão do Senhor São Pedro e Nossa Senhora dos Navegantes para a Bênção do Mar."

in, Jornal da Marinha Grande
n.º 484, de 08 junho 1973

Aproveite as férias e visite. 


maio ' 2018


Na próxima 5.ª feira comemora-se o feriado municipal. 
Desde quando passou a ser oficial a sua comemoração 
na Quinta-feira de Ascensão?

Já em maio de 1969 e de 1970, o Jornal da Marinha Grande fazia referência ao tradicional piquenique na mata dos vidreiros e das suas famílias, fazendo da quinta-feira de Ascensão um verdadeiro dia de festa e de confraternização, e colocava a questão: "[...] não haveria possibilidade, de facto, de a quinta-feira de Ascensão ser considerado o nosso feriado municipal?" 

Jornal da Marinha Grande, 23 de maio de 1969

Jornal da Marinha Grande, 20 de maio de 1970

Mas só com o 
Decreto n.º 262/73, de 26 de Maio 
o dia de Quinta-feira de Ascensão passaria a ser considerado, de facto e de direito, o nosso 
feriado municipal.


Jornal da Marinha Grande, 01 de junho de 1973


O feriado municipal é um 
fragmento do nosso património. 
APROVEITE-O BEM.


abril ' 2018


Com a aproximação das comemorações do 25 de abril de 1974, vamos destacar mais um Fragmento do Nosso Património, que pode facilmente ser visualizado numa das rotundas mais movimentadas da nossa cidade: a estátua O Vidraceiro.


Da autoria do escultor Joaquim Correia, a estátua foi encomendada pela Câmara Municipal como forma de homenagear a indústria vidreira e todas a indústrias existentes no concelho da Marinha Grande. Trata-se de uma estátua em bronze, de grandes dimensões, assente num pedestal em betão com baixos-relevos. 

Foi inaugurada a 25 de abril de 2003.


"Conjunto escultórico de arte contemporânea, constituído por uma estátua e quatro baixos-relevos. A estátua configura um trabalhador vidreiro a produzir vidro, a segurar um grande tubo (a designada manga) com ambas as mãos e o corpo inclinado para trás, mostrando uma gramática semelhante à da estátua do “Vidreiro” (1999), do mesmo escultor, localizada na Vieira de Leiria. Os baixos-relevos, integrados no pedestal paralelepipédico que sustenta a estátua, são alusivos às indústrias do concelho, entre várias, as indústrias de moldes e do plástico."

Direcção Regional de Cultura do Centro

Quando por lá passar, não se esqueça de olhar.

março ' 2018


No mês em que se comemora o Dia Mundial da Árvore e o Dia Internacional das Florestas, vamos dar a conhecer ou a recordar mais um Fragmento do Nosso Património.

PONTOS DE VIGIA

"Depois de Frederico Warnhagen, em 1826, ter mandado abrir os "quadrados" formados por aceiros e arrifes, trabalho mais tarde aperfeiçoado e alargado por Bernardino Barros Gomes, que também mandou instalar os Pontos de vigia, nunca mais se verificaram fogos espontâneos de grandes dimensões.
Os Pontos eram primeiramente pequenas barracas de madeira, nos sítios mais altos do Pinhal - Facho, Ladeira Grande (junto à Ponte Nova), Castrinha - e no edifício da Resinagem. Em cada um viviam permanentemente dois homens (jornaleiros) incumbidos de vigiarem de dia e de noite o Pinhal, vindo um deles avisar a Administração de qualquer incêndio, sendo enviado pessoal florestal para o combater, até ser criada a Associação de Bombeiros.
A partir do ano de 1887 essa informação passou a fazer-se através de telefones, [...]
A localização do incêndio fazia-se através duma luneta giratória em torno de um círculo graduado (tendo 0º  a orientação do Norte verdadeiro) e da planta da Mata.
Em 1883 constrói-se em tijolo o Ponto do Facho, com altura de 14 metros. Em 1885 é construído o da Boavista, em alvenaria, para substituir o do edifício da Resinagem. Poucos anos decorridos são os pontos do Facho (embora de tijolo, estava mal construído), da Ladeira Grande e da Castrinha (cuja madeira estava a apodrecer) substituídos por altas armações em ferro, bonitas e elegantes, em cujo topo, rodeado por uma varanda, estava o ponto de vigia. 



Já nos nossos dias, mais propriamente depois de 1936, foram os 3 pontos (Facho, Ladeira Grande, que passou a denominar-se Ponto Novo, e Castrinha) construídos em cimento armado, por projeto elaborado pelo marinhense eng.º silvicultor Mário Amaro Santos Galo.[...]."


In, Cidade da Marinha Grande: Subsídios para a sua História,
de João Rosa Azambuja


Ponto do Facho
Ponto da Boavista












Ponto Novo
Ponto da Castrinha
















Atualmente, os pontos de vigia apenas estão em funcionamento nos meses de verão, mas podem ser admirados todo o ano.  Pela sua arquitetura, única e peculiar , são locais a descobrir e a visitar, porque fazem parte do nosso património. 


fevereiro ' 2018


Para melhor conhecermos e compreendermos o nosso património, nas suas mais variadas vertentes, há que o contextualizar na História. Para isso, nada melhor que uma cronologia de factos, gentes e acontecimentos.

"Com a consciência das limitações que esta selecção e ordenação de factos da História da Marinha Grande contém, deixo-a aos leitores que a queiram consultar e às gentes da Marinha Grande - a quem faço uma vénia - como um registo da sua vida ao longo dos tempos para que, futuramente, possa constituir uma fonte, que forneça em síntese uma visão diacrónica até ao final do século XX [...]." 
Abel Fonseca Monteiro


CRONOLOGIA GERAL DA MARINHA GRANDE 
E SUAS TERRAS
ABEL FONSECA MONTEIRO

"Com a Cronologia Geral da Marinha Grande e suas Terras temos mais um excelente contributo para o estudo da história marinhense, desde os seus tempos mais remotos, no século XII, até quase ao presente. 
[...] estruturada em cinco capítulos e um anexo. cada capítulo abre com uma introdução, na qual se esquematizam algumas características mais relevantes do respectivo período. Foi seguida a ordem cronológica. Todavia, com esta se entrecruza a importância de certos eventos, desde logo destacada no próprio título dos capítulos."
José Amado Mendes



Se não gosta de cronologias, mas gostava de ficar a conhecer mais sobre a História da Marinha Grande e dos seus lugares, então tem outras opções de leitura, tal como a que sugerimos a seguir.



CIDADE DA MARINHA GRANDE
SUBSÍDIOS PARA A SUA HISTÓRIA
João Rosa Azambuja


"[...] volume de assinalável importância para quantos se interessam pelos temas marinhenses. Repousa tal importância sobre duas ordens de razões: João Rosa Azambuja dá-nos, por um lado, um extenso e muito útil repositório de dados sobre a Marinha Grande; por outro lado, o que não é menos importante, o seu texto contém a perspectiva de um marinhense da segunda metade deste século (o autor nasce em 1921), bem integrado no seu tempo, profissional e socialmente activo, a respeito do passado e da especificidade locais.
Se, graças ao primeiro aspecto, terão vantagem em consultar este livro todos os que procuram indicações a respeito do presente ou do passado recente da Mata Nacional, da indústria vidreira, do associativismo ou da actividade cultural, essa consulta não será menos frutuosa para quem, na área das ciências sociais, tomar como objecto de estudo os processos sociais de construção de identidade local baseados na elaboração do passado."
Emília Margarida Marques
novembro, 1998

Passe pela Biblioteca Municipal, leia e passe a conhecer mais sobre o nosso património.

janeiro ' 2018

18 de janeiro de 1934, Marinha Grande

"Revolta dos operários (...) como reacção à publicação do Estaturo do Trabalho Nacional bem como à criação dos Sindicatos Nacionais, dos Grémios e das Corporações a 23 de Setembro de 1933, encerrando os sindicatos livres.
[...]
Foi numa velha casa (…) que no Casal Galego, uma centena de revoltosos guardou o arsenal de armas, que utilizaram na Revolta contra o regime de Salazar. Os revoltosos ocuparam o Posto da GNR e a Estação dos Correios ao mesmo tempo que cortaram as ligações telegráficas e telefónicas com exterior, além de cortarem as estradas para Leiria no Valeirão, Albergaria. 
[...]
Seguiu-se a repressão com a ocupação da Marinha por forças militarizadas - (…) - o que levou à fuga de muitos operários e à prisão de 131 pessoas que foram levadas para o Forte de Peniche, para o Forte de São João Baptista, em Angra do Heroísmo na Ilha Terceira, Açores (…) e para o Campo de Concentração do Tarrafal em Cabo Verde, a fim de cumprir penas que se situavam entre os 4 e os 20 anos de degredo."


in, Cronologia geral da Marinha Grande e suas terras,
de Abel Fonseca Monteiro

Casa-Museu 18 de janeiro, inaugurada em 2008, em Casal Galego, Marinha Grande



"A greve geral revolucionária levada a cabo pela Confederação Geral do Trabalho (anarco-sindicalista), pela Federação das Associações Operárias de Lisboa (socialista), pela Comissão Intersindical (comunista) e pelos sindicatos autónomos envolveu acções de vário tipo: sabotagens das vias férreas, cortes de linhas telefónicas e telegráficas, atentados e assaltos a um ou outro local económica e politicamente importante, lançamento de bombas em lugares públicos e movimentos de greve propriamente dita. [...] as sabotagens e atentados dispersos que tiveram lugar, com maior incidência nas zonas centro e sul do país, [...] na Marinha Grande, em Almada e em Silves, onde o movimento assumiu maior expressão.
[...]
São por de mais conhecidas as acções que, a partir das 3 horas da madrugada, iriam colocar a vila da Marinha Grande - povoação com 9000 habitantes e 2000 operários vidreiros - nas mãos dos revoltosos e do "proletariado revolucionário": obstrução das estradas Marinha-Leiria e Pataias-Vieira de Leiria; derrube de postes telefónicos e telegráficos; assalto e ocupação da estação dos correios e telégrafos; ataque à bomba ao quartel da GNR e à central elétrica que lhe ficava contígua; desarmamento e captura da força local da GNR; enfim, ataque à residência do industrial Emídio Galo.
Apesar do sucesso indubitável de todas as operações - no qual assentará a sua posterior fama -, o movimento na Marinha Grande é, dos três casos, o que menor número de trabalhadores envolve e o que mais rapidamente é desarticulado pelo governo. Basta lembrar que a Marinha Grande permanece sob controle dos operários, sem lutas e sobressaltos, apenas cerca de uma hora, isto é, entre as 5 da manhã, hora da rendição da GNR, e as 6 horas, altura em que soam os primeiros tiros das forças policiais de Leiria, que, entretanto, haviam chegado aos arredores da vila. [...] a insurreição estava terminada às 9 da manhã. E com ela tudo o mais: a mobilização das "massas" e a hipotética greve geral.
[...]
Reabertas as fábricas na manhã de 19 por ordem das autoridades militares e administrativas, ordem dada ao fim do dia 18, o número de operários que a elas não comparece é praticamente irrelevante: 67 operários (48 homens e 19 mulheres).
[...]
Em resumo, a acção fora a de uma minoria activa, uma vanguarda. Só assim se explica a pouca resistência dos revoltosos após o êxito inicial, o fácil e rápido controle da vila pelas forças policiais e, sobretudo, o número reduzido de feridos e a inexistência de mortos."


in, O "18 de janeiro": uma proposta de de releitura,
de Maria de Fátima Patriarca

Monumento evocativo do 18 de janeiro de 1934, inaugurado em 1984 na Marinha Grande


"Estava-se no início de 1934. Com o mudar do ano, entra em vigor o Estatuto Nacional do Trabalho, fascista, e os sindicatos livres eram oficialmente proibidos, dando origem a outros, subjugados ao poder corporativo. Por todo o País, os trabalhadores combatem a fascização dos sindicatos e convocam para 18 de Janeiro uma greve geral revolucionária, com o objectivo de derrubar o governo de Salazar. A insurreição falha, mas na Marinha Grande os operários vidreiros tomam o poder. Apenas por algumas horas, é certo, pois a repressão esmagaria a revolta. No resto do País, esperavam-se acções iguais, mas em nenhum outro lado se repetiu o gesto dos operários marinhenses. Apesar de fracassada, a revolta dos trabalhadores vidreiros fica na história como um momento alto da resistência ao fascismo. E deixou sementes, que germinaram numa manhã de Abril, precisamente quatro décadas depois.
Cercada a vila e cortados os acessos, os trabalhadores marinhenses ocuparam os Correios e o posto da GNR. Foi decretado o Soviete. Segundo recorda o antigo dirigente comunista Joaquim Gomes, «por umas horas, quem mandou na Marinha Grande foram os trabalhadores». Durante este curto período de poder operário, tudo se passou de forma extremamente civilizada e ninguém foi molestado, lembra.
Quando foram capturados os agentes da GNR e o chefe da estação de Correios, foi de imediato chamado um médico para lhes dar assistência. «Podia acontecer-lhes alguma coisa. Não propriamente ferimentos, mas algo do ponto de vista psicológico.»
A contrastar com a atitude humanista dos operários, a brutalidade das forças repressivas foi imensa.
Derrotado o levantamento popular, começaram as perseguições e as capturas aos dirigentes sindicais, na sua maioria comunistas. Na noite de 18 e nos dias seguintes, varreram toda a região, casa a casa. Nem o Pinhal de Leiria ficou por varrer."
in, O Avante, edição n.º 1572,
do Partido Comunista Português
Mulheres dos presos junto ao Governo Civil de Leiria, em 1935, pedindo a sua libertação





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