Neste
primeiro fim de semana de dezembro, que nos reporta para a magia e o
encantamento próprio deste mês, a nossa sugestão de leitura vai
para um conto de Natal, que se passa na terra das neves eternas, numa
aldeia chamada Natália. Esta aldeia era habitada por gente de carne
e osso cuja vida era regulada por um estranho relógio que só tinha
um ponteiro e apenas dava duas horas: a da realidade e a da
imaginação. É num cenário de neve pura que o seu autor te leva,
pela mão de ler, a visitar aquela aldeia onde convivem,
naturalmente, os seres humanos e os fantásticos que povoam o mundo,
sem fronteiras, da infância.
A
aldeia encantada
texto de
José Vaz
ilustrações
de Marta Madureira
Editora
Ambar
"E no silêncio da noite, ouviu-se um pio medonho e a neve que caía logo se transformou em punhais de gelo que matariam qualquer ser vivo se, porventura, andasse pelos caminhos àquela hora.
Enquanto isto acontecia, da lareira da torre do Pai Natal, saíam desenhos com embrulhos coloridos, enlaçados com fitas da cor do arco-íris.
Era a hora de fabricar, escolher e embrulhar os brinquedos que o Pai Natal deveria distribuir pelas crianças que nele acreditavam e lhe enviavam desejos voadores ou cartas de correio. Mas, sozinho, era impossível satisfazer tantos pedidos e enviar tantas prendas.
Nessa hora encantada, o Pai Natal tinha a preciosa ajuda dos Ukres e dos Faines.
Os Ukres eram sete. O mais pequenino de todos chamava-se Serapicotim e tinha a voz de sino de vidro.
Os Faines eram os habitantes da aldeia que, à noite, tirando a bela Celestina, se transformavam em sábios e feiticeiros. Quando isso acontecia, aos aldeões cresciam-lhes as orelhas e as cabeças ficavam bicudas.
Mas enquanto os Ukres e os Faines trabalhavam, o Pai Natal fazia a preparação física das Alapas, que eram as renas voadoras, que conduziam o turbo-trenó.
Este trenó, especial de corrida, chamava-se Deslize e tinha piloto automático, airbag, ar condicionado, travões com sistema ABS e direcção assistida."
José Vaz
nasceu no dia 11 de janeiro de 1940, em Avintes, Vila Nova de Gaia
onde passou toda a sua infância e juventude.
É
licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do
Porto. Foi ator e encenador de vários grupos de teatro amador.
Em 1979
começou a escrever histórias para os mais novos, mas só em 1983
foi publicado o seu primeiro livro com duas peças de teatro: O
rei lambão e As
pulgas e a preguiça.
A
sua obra Para
sonhar com borboletas azuis, foi
distinguida pela The White Ravens em 1987.
Em
1989 o livro O nó
da corda amarela,
ganhou o 1º Prémio de Literatura Infantil – Cidade de Montijo e
no mesmo ano foram-lhe atribuídos pela Câmara Municipal de Vila
Nova de Gaia um Público Louvor e a Medalha de Mérito Municipal –
Classe Ouro.
As
suas obras Alzira,
a santa suplente; A máquina de fazer palavras
e Hoje é Natal,
foram selecionadas em 2000, 2001 e 2002, respetivamente, para as
Olimpíadas da Leitura.
O seu nome integra o Dicionário Cronológico de Autores Portugueses;
o Dicionário de Literatura Infantil Portuguesa; a Breve História de
Literatura para Crianças em Portugal e o Plano Nacional de Leitura.
Criou em 1998 conjuntamente com outras pessoas, um projeto para a
infância e juventude chamado A Ilha Mágica.
Foi presidente da Associação de Escritores de Gaia e dirigente da
Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e
Juvenil.
Tem colaborado em diversos jornais e publicações e foi
interveniente em vários colóquios, fóruns, encontros e congressos.
Bom fim de semana
Ilustração de Anna Silivonchik |
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