30 dezembro 2019

2020 ESTÁ MESMO AÍ...

… desejamos que seja um ano infusível.



Infusíveis
(s. m.) substantivo masculino


Conjunto de fios invisíveis que ligam uma coisa possível ao impossível.
Quando queremos muito que aconteça uma coisa que julgamos inatingível são eles que nos ajudam a chegar lá.
Quem diz que isto não pode acontecer é porque ainda não tropeçou nos infusíveis.

Sandro William Junqueira, in 
As palavras que fugiram do dicionário



Ilustração Paola De Gaudio









18 dezembro 2019

POSTAIS DE NATAL

O costume de enviar postais de Natal, a desejar Boas Festas, a familiares e amigos, vai-se perdendo ano após ano. Felizmente, ainda há quem goste de manter esta tradição, de os escrever e enviar pelo correio.

Mas, como surgiu esta tradição e quando foi enviado o primeiro postal?

O inglês Sir Henry Cole, escritor e editor de vários livros e jornais, entre os quais contos para crianças, e diretor do South Kensington Museum - renomeado mais tarde como Victoria and Albert Museum - gostava de escrever cartas pelo Natal com votos de festas felizes, mas em dezembro de 1843, por falta de tempo, encomendou ao pintor John Callcott Horsley, um postal natalício com uma única mensagem, para enviar às pessoas com quem se relacionava.


Ilustrado à mão, este postal mostrava uma família em festa durante o Natal, 
que brindava ao amigo ausente - a pessoa a quem era enviado.


Legendado com a frase,
A Merry Christmas 
and 
a Happy New Year, 
to you
tinha em cada um dos lados mensagens a apelar a atos de caridade.
Foram criadas 1000 cópias do postal.



O primeiro cartão de Boas Festas de que há
registo em Portugal, data de 1839.

O seu autor foi o marido da rainha D. Maria II, D. Fernando II, de nacionalidade austríaca. Tinha como destinatários os seus familiares, como a britânica Rainha Vitória, sua prima.
As coleções reais britânicas contêm, pelo menos, duas provas deste cartão e no Palácio Nacional da Pena, Sintra, existe um álbum de gravuras que conserva um exemplar.




Postal de Natal - Alemanha, 1900

Postal de Natal - E.U.A., 1910, da autoria da ilustradora Frances Brundage


Postal de Natal - Dinamarca, 1919





13 dezembro 2019

AS CRIANÇAS VÊEM O EVIDENTE

Costumo contar uma história da minha filha, de quando era bem pequenina. 
Uma senhora fez-lhe uma pergunta muito idiota. 
“De que raça és tu?” Ela não entendeu. Não tinha sequer o conceito de raça. A senhora tentou corrigir a pergunta, errando ainda mais.
“De que cor és tu?”
A minha filha olhou muito espantada.
 “Mas tu não vês que sou uma menina?
As meninas são pessoas. As pessoas têm cores diferentes. A minha língua é vermelha, os meus dentes são brancos, o meu cabelo é castanho.” 
Temos todas as cores. 
É preciso uma criança de quatro anos para dizer o óbvio.


Palavras do escritor e poeta angolano, 
que completa hoje, 13 de dezembro, 59 anos.



Sendo a sua obra maioritariamente para adultos, também escreve para crianças.

Venceu a primeira edição do 
Prémio Manuel António Pina, 
com o livro
A Rainha dos Estapafúrdios.

Um prémio que o autor deseja que seja 
de incentivo e promoção à literatura infantil.


" - Que coisa és tu? - perguntou a hiena, cheirando-a.
Ana tremia tanto que mal conseguia piar:
- Vais comer-me?
- Não sei - confessou a hiena. - Primeiro tenho de saber que coisa és tu. Não como objetos não identificados.
A perdigota encheu o peito com o ar frio da noite, endireitou com uma rápida sacudidela a única e luminosa pena sobre a nuca, e proclamou:
- Sou Dona Ana I, a Rainha dos Estapafúrdios!
- Estapa-o-quê?
Estapafúrdios. O meu país, o Reino da Estapafúrdia, fica muito longe. Viajei durante semanas às costas de uma cegonha, a Cegonha-Real, até chegar aqui.
- Eu chamo-me Clarinda - apresentou-se a hiena.
- E o que fazes tão longe de casa?
- Caço. Ando à caça de leões.
- Leões?! - a hiena riu-se (...) - Tu, com essa magra figura, Dona Ana I, tu caças leões?
Ana estufou o peito ainda mais. Engrossou a fraca voz:
- Matei todos os leões que havia no Reino da Estapafúrdia. Matei-os à bicada e à pontapata. Por isso tive de viajar para tão longe. Eu matava pelo menos um leão antes do almoço, e mais dois logo a seguir."

Ilustração Danuta Wojciechowska

Convidamos-te a vires à Biblioteca Municipal, 
com os teus pais e avós, onde encontram literatura de José Eduardo Agualusa para toda a família.









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