10 março 2020

QUALQUER TEMA PODE SER BOM PARA UM LIVRO INFANTIL

Palavras da escritora e ilustradora italiana
 Simona Ciraolo

Formada em Cinema de Animação e em Ilustração de Livros para Crianças pela Cambridge School of Arts.
Ganhou, em 2014, o Sebastian Walker Prize for Illustration. O júri destacou o seu particular uso da cor, o sentido de humor e as belas composições gráficas dos seus livros.


"Escrevo sempre sobre sentimentos e emoções com os quais me consigo relacionar, direta ou indiretamente. Gosto de imaginar uma personagem numa situação específica e como é que isso a faria sentir. O que quer que a motiva parece-me tão real, tão tangível, que acabo por gostar das personagens como se fossem entes queridos."


Auto retrato de Simona Ciraolo



Ao terceiro livro, a autora escolhe olhar para
 "O Rosto da Avó" e escrever sobre envelhecimento, mesmo para crianças.
"Para este livro funcionar eu tinha de criar duas dimensões temporais separadas e precisava que esta distinção fosse inequívoca. O espaço em que a menina está com a avó tinha de parecer íntimo, enquanto eu pretendia que o reino das memórias se destacasse pela sua riqueza, por estar cheio de vida e carregado com estas emoções todas. Encontrei esta solução muito cedo na história e apesar de não ter a certeza se seria capaz de desenhar o rosto da avó com a graciosidade que tinha em mente, sabia que era um desafio a ultrapassar para poder criar um livro que celebra verdadeiramente a idade e a experiência."


Hoje a avó faz anos e é dia de festa! Sei que ela está feliz, pois gosta de nos ver todos juntos.
Mas, por vezes, parece que também está um pouco triste, surpreendida, ligeiramente preocupada. Tudo ao mesmo tempo.
Então pergunto à avó porque é que isso acontece, e ela responde-me que talvez seja por causa das linhas que marcam o seu rosto.
- Elas incomodam-te, avó? - pergunto-lhe.
- Nem um bocadinho - diz ela. - É nestas linhas que guardo todas as minhas memórias!





"Os avós recordam que contar histórias aos netos - mesmo daquelas que possam ser pejadas de arrepios, ou que tenham trapalhadas ou, mesmo, que sejam enfadonhas - não é um direito seu; é uma obrigação de todos os avós! E - mais - nas histórias dos avós, os heróis patetas das aventuras para as crianças podem ter um nome de família e, de preferência, nelas podem misturar-se antepassados e imaginação. Desde que cumpram uma (e uma só) condição, absolutamente incontornável: não podem nunca repetir quase nada em cada história que costuram! Porque os avós não contam histórias: são a nossa história! E só por isso, como mais ninguém, dizem-nos quem somos."
Eduardo Sá, psicólogo









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