« - O que é que faz o teu pai, Gil? Conta lá!!! Da primeira vez ainda caiu na ratoeira e confessou, carregando nas vogais:
- O meu pai é PAI, só pai.
Claro que os matulões de sete anos desataram a rir às gargalhadas, como se aquela fosse a melhor anedota de sempre.
- Só pai, Gil? Mas ninguém é só pai... DAHHHHH!!! (...)
Mas o Gil ficava irritado, e muito mesmo. (...) Sempre que chegava a casa, voltava a insistir.
- Mas, ó pai, o que é que tu fazes? Os outros meninos dizem que ninguém pode ser só Pai, nem ninguém que é só pai pode viver numa casa alta e magra como a nossa e ter um cão todo branco com bolinhas castanhas como o Puma. Pai que é pai tem de ter um trabalho, vestir um fato com uma camisa engomada, uns sapatos a brilhar e uma gravata a condizer.
E a resposta era sempre a mesma:
- O que os outros meninos dizem não interessa nada, a verdade é esta: eu sou só PAI; pai da família dos Pais Invencíveis.»
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Ilustração de Helena Nogueira |
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