11 novembro 2013

O verão de S. Martinho é um dia e um bocadinho

Hoje, dia 11 de novembro celebra-se o S. Martinho.

Martinho era um valente soldado do exército romano. Conta a lenda que num dia de temporal com muito frio e vento, estando de regresso a casa, montado no seu cavalo, lhe apareceu um mendigo vestido com roupas velhas e rotas que lhe pediu esmola. Como Martinho não tinha nada para lhe dar, pegou na espada e cortou a meio a capa que trazia vestida dando metade ao mendigo.
Então, como por milagre o mau tempo desapareceu, parecia que era verão.
Todos os anos, nesta altura, mesmo sendo outono, durante alguns dias a temperatura fica mais amena com o céu azul; é o verão de S. Martinho.
Martinho converteu-se ao Cristianismo e foi para França, onde fundou um mosteiro, tornando-se um dos santos mais populares.
A festa de S. Martinho é comemorada com magustos, uma vez que nesta época do ano, as castanhas já estão maduras, podendo ser acompanhadas com a tradicional água pé.

Pintura de Wilfred Thompson

O mês de Novembro ia frio carregado de nuvens.
Mas no dia 11 o sol sorriu e as nuvens fugiram todas.
- Parece Verão! – exclamou o Ricardo.
- É o Verão de S. Martinho – explicou a professora – Todos os anos acontece o mesmo.
(…)
À tarde, fizeram um magusto no pátio do recreio, com castanhas acompanhadas de … laranjada. Só o Ricardo comeu quase metade. Devorou as da Inês, que estava mal da barriga, as da Dulce, que andava a fazer dieta, as do Ivo, que saiu mais cedo. E as da professora, que não era apreciadora. Aquele rapaz tinha um apetite insaciável.
Quando a mãe o foi buscar, arrastou-a até à praça, onde um vendedor apregoava, no meio de uma nuvem de fumo branco:
- São quentes e boas! São quentes e boas!
- Mãe, apetecem-me tanto … - insistiu ele.
A mãe ofereceu-lhe uma dúzia de castanhas estaladiças, metidas num pacote de papel da lista de telefones.
(…)
À noite estava tão inchado que parecia ter engolido uma bola de futebol.
Meteu-se no quarto, sem dar parte fraca. Rebolou-se na cama, numa aflição.
Malditas castanhas! Jurou que nunca mais havia de as trincar.
E, como não conseguia dormir, resolveu, também ele, fazer um provérbio:
No dia de S. Martinho,
Oferece as castanhas ao teu vizinho.”

 Luísa Ducla Soares,
in O livro das datas


No dia de S. Martinho
vem à Biblioteca,
ler um bocadinho. 


Ilustração de Tânia Bailão Lopes

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