"Faltavam cinco minutos para a meia-noite quando a Rita e o José foram buscar uma mão-cheia de passas e saltaram para cima das cadeiras. Não se podia começar o ano em baixo ... O gato, para os imitar, trepou para cima do armário. Tinham apostado cumprir todas as tradições.
- Por cada passa um desejo - recordou a avó.
- Também é bom ter algum dinheiro no bolso e eu gastei a semanada em cromos... - confessou o José. - E a Rita, essa gulosa, comprou pastilhas... Se não nos derem um euro, passamos o próximo ano na miséria.
O pai fez um sorriso um bocadinho amarelo porque detestava superstições. E também ele tinha a carteira bastante vazia depois dos gastos do Natal.
- Vocês acreditam mesmo nisso? Que ideias patetas...
Mas lá deu um euro a cada filho. Tinham eles acabado de meter as moedas nos bolsos quando soaram as doze badaladas.
- Feliz Ano Novo! - exclamaram todos ao mesmo tempo.
Mas a saudação foi abafada pelo estalar dos foguetes. (...)
Já passava da uma quando todos se foram deitar. Antes de enfiar o pijama, a Rita tirou da parede o calendário velho e pendurou o novo, que no mês de Janeiro tinha uma paisagem branca, com um boneco de neve. Tantos dias em branco, ali, à espera dela.
Que iria acontecer em cada um deles? (...) "
Luísa Ducla Soares
Está a nascer o ano novo
Ilustração de Valentin Gubarev |
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FELIZ 2013