08 abril 2013

25 dias, 25 poemas ... de LIBERDADE

[Por motivos técnicos, não nos foi possível publicar o poema sobre a Liberdade no dia 6 de abril, pelo que o fazemos hoje.]

O poema - Antes que seja tarde - é da autoria de

Manuel da Fonseca, escritor e poeta, nasceu em Santiago do Cacém, em 1911 e faleceu em Lisboa, em 1993. Foi um dos maiores escritores do neorrealismo literário português.
Começou por publicar poesia, prosseguindo com prosa de ficção, revelando-se um escritor de tendência regionalista e de funda preocupação humana, que retrata a vida pobre dos trabalhadores rurais do Alentejo, dando especial realce à sua luta contra a injustiça e a miséria.
Teve através da sua arte uma intervenção social e política muito importante.





Antes que seja tarde 

Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.

Manuel da Fonseca, in Poemas completos
Editora Forja


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